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Semam apresenta projeto piloto pró-restinga e garante preservação da Praia do Cabo Branco até o Bessa

João Pessoa tem se tornado uma cidade que cada vez mais cuida do meio ambiente. Todos os dias mais um passo é dado em direção ao fortalecimento da proteção e preservação da natureza. O projeto piloto pró-restinga é um grande exemplo das ações implementadas pela Prefeitura, por meio da Secretaria do Meio Ambiente (Semam), que garantem esse cuidado ao ecossistema e, nesta terça-feira (26), foi apresentado à população e a representantes da sociedade civil organizada.  

O projeto pró-restinga consiste em desenvolver ações para evitar a degradação e o desmatamento na orla marítima de João Pessoa. As áreas mapeadas são desocupadas, colocadas placas informativas e cordões de isolamento para que os moradores e turistas possam perceber a importância de manter o local preservado, não ocupem estes setores e nem levem até eles materiais capazes de colocar a natureza em risco, como lixo. São, inicialmente, nove áreas mapeadas com potencial para instalar o projeto.  

Durante evento no Restaurante Sunset, o secretário executivo do Meio Ambiente, Djalma Pereira, explicou aos convidados como o projeto pró-restinga vai funcionar e ressaltou a importância do trabalho educativo colocado em prática pela Semam para conscientizar a sociedade sobre o cuidado com o bioma. “Além da proteção da fauna e da flora, a meta é, principalmente, alertar as outras pessoas para que possam também procurar a Semam e que a gente possa fazer novas parcerias. Isso é o que é o mais importante, a conscientização. Nós temos um trabalho de educação ambiental que fazemos nas escolas, em outros locais e isso é muito importante, a gente passar desde o princípio a importância da preservação de área de restinga, que aqui em João Pessoa está precisando muito”, ressaltou.  

E a proposta é fazer o projeto crescer na cidade. “Nossa orla é de 24 quilômetros. E a Diep, que é a Diretoria de Estudos e Projetos da Semam, está fazendo os estudos principalmente nas áreas de Cabo Branco, Tambaú, Bessa e Manaíra. Inicialmente é onde vamos implantar todos esses projetos, mas depois vamos partir para outras regiões, por exemplo, na região sul, como Praia da Penha, do Seixas”, assegurou Djalma Pereira.  

Diego Charles, empresário e idealizador do projeto, agradeceu pela Prefeitura ter abraçado a proposta. “Eu já estou aqui na área do Bessa faz 10 anos e a gente já vem trabalhando em cima desse ponto há algum tempo, mesmo antes desse projeto ser idealizado formalmente. E procurando sempre o secretário e conversando. Na primeira vez que ele falou com a gente, já adotou, abraçou e executou. É uma satisfação muito grande por ser o piloto e servir de exemplo para muitos que irão fazer também”, celebrou.

Tartarugas protegidas – O projeto vai cuidar da flora e da fauna da faixa litorânea onde irá funcionar e as tartarugas marinhas estão incluídas nesse sistema de proteção implantado pela Semam. O engenheiro agrônomo e diretor de Controle Ambiental da Secretaria, Anderson Fontes, explicou que todas as ações que envolvem o projeto irão garantir a continuidade das espécies e da vegetação e manter o meio ambiente equilibrado e sustentável.  

“O maior objetivo desse projeto de revitalização, principalmente da vegetação nativa, protegendo os ninhos das tartarugas e a convivência entre o privado e o público. Convivência de quê? De empreendimentos, sejam eles prédios ou comercial, junto com a população é a da preservação. Hoje a Prefeitura trata desse modismo da ecologia, de sustentabilidade, realmente acompanhada com a população para que os espaços sejam respeitados por ambos, por quem faz a disciplina e a população. É o pontapé de uma grande revolução dessa atitude”, destacou.  

E quando se trata de proteção das tartarugas marinhas, uma das parceiras da Prefeitura de João Pessoa é a Associação Guariju – uma organização sem fins lucrativos que atua na área da proteção que vai desde o cuidado com os ninhos até o nascimento dos animais que seguem para o mar. A presidente da Associação, Daniele Siqueira, se mostrou feliz e agradecida com a iniciativa do projeto piloto pró-restinga.  

“A gente fica muito feliz, porque aqui é um dos principais pontos de desova das tartarugas e a gente tem percebido que tem crescido as desovas. Então, é muito importante que a gente consiga proteger a restinga, a espécie que se desova aqui, que é a tartaruga de pente. É uma das únicas espécies de tartaruga marinha que, além da areia, ela também usa a vegetação de restinga para desovar. Então, olha quão simbólico é você ter ali uma pequena parte também que está sendo recuperada. Claro que a gente tem outras áreas também que estão sofrendo com degradação, isso faz parte da questão urbana, mas é uma amostra de que a gente pode conciliar o desenvolvimento urbano e o meio ambiente. Então, a gente espera que esse projeto seja um sucesso”, enfatizou.  

Preservação em praia urbana – O chefe da divisão de pesquisa da Semam, Yuri Araújo, lembrou que o projeto vai trabalhar uma área de praia totalmente urbana e isso irá facilitar a conscientização da população para a preservação da biodiversidade existente na orla de João Pessoa.  

“O importante desse projeto é que a gente vai atuar numa área que é densamente povoada. A praia é um local de lazer da população no feriado, final de semana, está sempre lotada, e a gente vai conseguir manter e preservar essas áreas de restinga, de vegetação e, principalmente, manter a fauna existente, já que esse local serve para tartaruga marinha, crustáceos e outras aves marinhas. É importante para preservar essa biodiversidade e que a população tome consciência da sua preservação, que a partir daí possa repensar, antes de ocupar essa área, antes de querer colocar um churrasco, uma tenda, repensar se realmente pode”, acentuou.  

Educação ambiental – E a educação ambiental também foi um tema destacado pela geógrafa e assessora técnica da Semam, Zayne Moreira, que participou de todo o estudo para a implantação do projeto pró-restinga. “O entendimento da maioria da população é achar que o ambiente da praia se restringe só ao mar, só as espécies que estão na parte da água. Esse ambiente, o que a gente trata como ecossistema de restinga, faz parte do bioma da Mata Atlântica e ele é importante para as espécies animais e vegetais desse lugar. Então, assim, a educação ambiental, como aqui está sendo proposto, o cercamento dessa área, a indicação com placas de indicação de proteção, serve para que as pessoas consigam ter uma visão diferente desses espaços, para que as pessoas conheçam, tomem conhecimento e saibam, realmente, da importância dessas espécies”, ressaltou.  

Projetos interligados – Alexandre Bernardes, chefe da divisão técnica do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama), também conheceu o projeto e ficou admirado com a proposta. “Eu acho que toda a iniciativa relacionada ao meio ambiente que sofreu muita degradação e que precisa ser tanto conservado quanto reconstituído, como é o caso das restingas, merece atenção. Eu acho que as iniciativas têm que ser interligadas entre as três esferas e é importantíssimo a gente estar alinhado e saber das iniciativas tanto dos municípios quanto do Estado, quanto ao nível federal. Eu acho que trabalhando junto a gente consegue, tende a ter um resultado melhor e gerenciar a questão ambiental e o uso do solo da melhor forma possível”, falou.  

Restinga – A restinga é um ecossistema costeiro que faz parte do bioma da Floresta Atlântica e tem importante papel de fixar areia e dunas, estabilizar os mangues e impedir a erosão das praias. Tem uma vegetação bastante diversa, composta por extratos herbáceo, arbustivo e arbóreo, sofrendo influência da água do mar, dos ventos e do relevo, com solo arenoso e baixa capacidade de retenção de água. Sua fauna é constituída por animais aquáticos, como crustáceos e terrestres. As áreas de restinga são ecossistemas frágeis, ameaçados pela intensificação das mudanças climáticas e intensa urbanização das faixas litorâneas.   

As áreas de restinga são protegidas pelo Código Florestal, onde são reconhecidas como Área de Preservação Permanente (APP) e também pelo Código Municipal de Meio Ambiente. Os técnicos da Divisão de Fiscalização (Difi) da Secretaria de Meio Ambiente (Semam) já têm atuado para recuperar e preservar áreas de restinga nos 24 quilômetros do Litoral pessoense.  

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