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Agência Minas Gerais | Força feminina salva vidas diariamente nos hospitais da Fhemig

Uma rápida volta por corredores e enfermarias hospitalares é suficiente para perceber que a maioria dos trabalhadores da saúde é formada por mulheres. São elas que estão, em grande parte das vezes, na linha de frente da assistência: salvando vidas, acolhendo familiares e exercendo os cuidados diários com o paciente.

A cada dez profissionais da área, sete são mulheres, de acordo com dados da Organização Mundial de Saúde (OMS). Na Fundação Hospitalar do Estado de Minas Gerais (Fhemig), a predominância feminina também está representada: mais de 70% dos servidores da instituição são mulheres.

Além de serem maioria na assistência hospitalar, elas também costumam ser o pilar familiar na recuperação de pessoas enfermas. Não à toa, também são vistas com frequência como acompanhantes de pacientes internados. São mães, esposas, filhas, irmãs, noras que se desdobram para dar conta da rotina doméstica, do trabalho e dos cuidados que envolvem um ente adoecido.

 

Arquivo pessoal

A história de recuperação do servente de pedreiro Daniel Ventura Costa, de 45 anos, envolveu a participação de mulheres fortes e dedicadas, a começar por sua própria mãe, Geralda Ventura Costa, que esteve ao lado do filho por quase seis meses de internação no Hospital Cristiano Machado (HCM), em Sabará, na Região Metropolitana de Belo Horizonte (RMBH).

Ele sofreu um acidente vascular cerebral (AVC), em decorrência de um quadro de hipertireoidismo, no fim de 2022. Em agosto do ano passado, passou por uma cirurgia no Hospital Alberto Cavalcanti (HAC) e, em setembro, foi encaminhado ao HCM, para receber o tratamento de reabilitação.

Por ser uma unidade de longa permanência, não é imprescindível que os pacientes estejam acompanhados. A assistente social do HCM Fairusy Cavalcante de Souza Giordani conta que, logo que Daniel foi admitido, conversou com Geralda sobre isso.

“Vendo as dificuldades dela, expliquei que não era obrigatório estar aqui todos os dias e que os acompanhantes também precisam ter saúde para conseguir, inclusive, cuidar do paciente depois da alta. E que, por isso, ela poderia descansar mais vezes. O que ela menos fez foi isso. Desempenhou um papel de mãe e de acompanhante com extrema excelência. A dona Geralda é um exemplo de mulher muito forte e guerreira, que não abandonou a esperança de levar o filho para casa andando. E isso aconteceu”, relata Fairusy.

A mãe de Daniel reconhece a evolução expressiva do filho durante a internação no HCM. “Ele chegou em uma situação muito crítica, usando sondas, fralda e coletor. Graças a Deus e ao trabalho de toda a equipe, ele conseguiu transformar um quadro de total dependência em uma melhora relevante de sua autonomia: hoje está andando, falando e se alimentando bem”, disse.

Geralda sempre foi muito ativa. Até o adoecimento de Daniel, trabalhava com serviço de limpeza em uma clínica. Hoje em dia, ela cuida sozinha do filho e da casa. “Eu que marco consulta, levo ele aos médicos, faço comida. Quase nunca estou em casa porque sempre tenho algo para resolver”, confessa.

Sobre o atendimento recebido no HCM, Geralda só tem elogios. “Um tratamento maravilhoso. Tudo que pedíamos eles faziam o possível para atender. Todos lá são pessoas muito boas, que nasceram para ajudar. Nunca vi alguém ter saudade de hospital, mas já sinto falta do pessoal. Considero todos como minha família”, conta.

Para Fairusy, esse retorno positivo é uma demonstração de que está no caminho certo. “Foi muito bom participar dessa história. Ver um paciente como ele, que chegou super debilitado, voltar a caminhar, a falar e a fazer sozinho suas atividades básicas no dia a dia é algo muito gratificante. A dona Geralda deixou um legado marcante aqui. Muita gente, certamente, vai se espelhar nela. Deu ânimo e motivação para a equipe ver uma mãe tão dedicada dando o melhor pelo filho”, relata.

 

Arquivo pessoal

Vozes do Coração

O HCM possui um projeto chamado Vozes do Coração, em que servidores vão aos leitos cantar para os pacientes. A iniciativa ocorre semanalmente e é uma ação de humanização, que contribui para dar mais leveza e alegria à rotina hospitalar.

Durante o período de internação, Geralda costumava pedir para que cantassem músicas do cantor e compositor Raul Seixas para o filho, que é fã do artista. “Ele gosta muito de música, então, acho que o ajudou a ter motivação”, afirma.

Um dia antes da alta de Daniel, a equipe do HCM realizou uma homenagem aos dois, com uma cantata de músicas do “Maluco Beleza”. Geralda também foi homenageada pelos servidores com a música “Maria, Maria”, de Milton Nascimento, por sua força e garra durante todo esse tempo. Daniel e sua mãe estiveram à beira leito de outros pacientes, compondo o coro, em um momento emocionante para todos.

Assistência qualificada

E como já dizia o próprio Raul, “nunca se vence uma guerra lutando sozinho”. A batalha pela recuperação de Daniel envolveu também mais servidores que, com dedicação, competência e humanização, foram essenciais em todo o processo terapêutico.

Outras duas mulheres foram fundamentais nessa história de superação: a fonoaudióloga Sabrina Milane de Oliveira Alcântara e a técnica de enfermagem Nivia Maria Corlaite.

“No início, ele tinha muita dificuldade em realizar os exercícios. Tivemos que fazer essa abordagem para que ele entendesse a importância de se dedicar ao tratamento. Ninguém consegue fazer esse trabalho sozinho, é necessária uma parceria entre o paciente, a família e a equipe hospitalar”, ressalta Sabrina.

Nivia endossa a importância dessa integração nos bons resultados. “A evolução do Daniel é uma enorme vitória para nós. Podem parecer coisas simples, mas conseguir firmar as pernas ou se alimentar sozinho são passos grandiosos na recuperação. E receber um retorno como o da dona Geralda é muito especial”, afirma a técnica de enfermagem.

Sobre a dedicação da equipe majoritariamente feminina, elas reconhecem o papel importante da mulher na rotina assistencial. “Todos são importantes, homens e mulheres, mas a força feminina é algo incrível. Todas muito empenhadas, carinhosas e competentes, com um trabalho muito humanizado”, pondera Sabrina. “A mulher tem um toque especial. A dona Geralda aprendeu conosco a se tornar um pouco enfermeira e nós aprendemos com ela sobre amor e dedicação de mãe”, conclui Nivia.

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